quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

CORAÇÃO CLICHÊ




Meu coração é o clichê
dos clichês, só bate forte
por amores impossíveis;
e se encanta com uns
sujeitinhos tão previsíveis.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

NÃO ME LEIA




Não leia porque
quem lê não deslê,
e as minhas
palavras são um choque
de 220 volts.


Eu não amanso.
Que dizer,amanso porque
também levo choques..
Mas eu gosto é das palavras sujas.
Eu gosto do fundo do poço,
da merda, do pó acumulado
diariamente nas emoções
É do vômito dos excluídos
que faço poesia.


Esqueça.
Não vou falar de crianças
brancas brincando
em playgrounds. Também
não vou falar de amores
eternos, ou coisa assim.

Eu quero saber é dos
que estão mortos,e vivem.
Eu quero a alma dos que
perderam a esperança.

Eu quero falar das mulheres
que trepam e nunca gozam
e também dos amantes
com HIV.

Eu quero sentir os que
se prostituem e os que
se travestem.

Eu vou gritar na sua cara
a dor dos rejeitados.

Não me leia!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

VOU ARRUMAR UM GOSTOSÃO E TE ESQUECER


Você diz que
sou passional,
inconstante e
desequilibrada.
Que invento
amores
e histórias.
E que queria
mesmo uma
mulher,
assim,
mais normal.
Então,
por que não vai
embora?
Meu bem,
quer saber?
também não
me agrada
esse seu jeito de
nunca perder
a pose, a calma
o equilíbrio.
Sujeito mais
esquisito, você.
Sempre com
esse ar
de superioridade
no olhar.
Não consigo
acreditar num cara
que não bebe,
não fuma e
pouco fode.
Tem alguma
coisa estranha
nesse seu pode
e não pode.
Você diz que
sou ciumenta,
possessiva e
que deveria me
tratar. Mas a
verdade é que
você não
sabe me amar.
Não quero mais
um homem
tão previsível,
como você.
Agora,vou
arrumar
um gostosão
e te esquecer.

sábado, 29 de novembro de 2008

EU QUERO UM AMOR


Eu quero um
amor de repente.
Nem precisa ser
pra sempre,
também
nem precisa
durar muito.
Um amor assim,
meio boêmio, ao som de
samba e bossa nova.
Eu quero um
amor contente,
com um ar
adolescente.
Um amor que
sobreviva nas
madrugadas sem
fim.
Eu quero um
amor com sabor
de vinho
do porto.
Um amor que
qualquer
tempo é pouco.
Eu quero um
amor maior
que a minha
vaidade, e sem
preocupação com
fidelidade.
Um amor
recheado de
tesão.
Eu quero um
amor que não
vire cinema.
Um amor
que caiba só
no poema.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

CARTA A UM AMOR



K.S.M,


Sabe, queria você entendesse que não é uma inconstância qualquer. Na verdade, nem inconstância é. Isso é medo. É auto-defesa. Sempre precisei entender um pouco daquilo que estou vivendo, ou pelo menos achar que estou entendendo. Não consigo mergulhar de olhos fechados no desconhecido. Preciso me sentir segura, de alguma forma, mas não sei nem se você existe, ou isso tudo é fruto de uma imaginação doente.


Sei que você vê o fundo da minha alma. E que com você não preciso usar falsos brilhos, você impressionantemente pressente a minha cara lavada. Isso me deixa, estática, um pouco por timidez, um pouco por medo da rejeição. Mesmo sem saber, você toca nas minhas feridas. Um lado meu tem medo desse seu jeito de me olhar, como se tivesse um raio-x de mim.


Mas o outro lado só quer te alcançar. A minha vontade é ultrapassar os limites da distância e deitar no seu colo, como quem encontrou em você um porto. Eu queria fazer amor com você, mas não como quem busca unicamente o prazer carnal. Queria te amar, como quem precisa sentir os seus encaixes. Queria ter o seu corpo dentro de mim e me sentir guardada por você, como se você fosse meu dono. Como se fosse meu homem e eu a sua mulher.

Queria que você entregasse de vez a sua solidão pra mim e que eu entregasse a minha para você. Nós teríamos um ao outro e nunca mais nos sentiríamos sós. Mas o meu outro lado sabe que tudo isso é impossível e que a nossa “história” é só um barquinho de palavras na correnteza.
(S.L)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

SER NEGRO É SER




Ser negro é ter a pele
pintada de dor e beleza.


É ter consciência de que
consciência, ainda não existe.


Ser negro é ser dono da alegria,
e generosamente dividi-la entre
os filhos do preconceito.


Ser negro é ser brasileiro
duas vezes.


É gritar não aos nãos
da vida.


Ser negro é ter a liberdade
disfarçada de alma.


Ser negro é ser.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

CALE A BOCA

Cale a boca
Meu amor, cale a sua boca imunda.
Eu não vou ouvir as suas poesias de idéias prontas.
Muito menos guardar as suas flores na minha sala de estar.
Não sou eu quem vai te ensinar a ser macho aos trinta e cinco anos de idade.
Not, não é assim que se faz.

Vem cá, chegue mais perto!
O que que é? Tá com medinho?
Ah, já sei!
Seu pau não resiste a minha bunda grande.
Acertei?
Nossa, mas que coisa mais antiquada,
sempre aceso por um cuzinho, não é?
Isso é o máximo da sua virilidade masculina?
Boy, não me decepcione assim!!

Me passe um cigarro!
Obrigada!
Vamos lá, sua última chance,
você tem um
minuto pra me convencer
a trepar com você.
Pammmmm!!
Errado!

Você me ama, isso é resposta?!
Você acha que as mulheres
só vão pra cama por amor?
Baby, eu sei separar amor de sexo!
Isso te assuta?

Apaga a luz.
Preste atenção no que vou te falar:
Amanha eu não quero que você me ligue pra dizer que eu fui a sua melhor.
Eu vou ser a melhor e não preciso que você diga nada.

Tire a Roupa

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

POEMA AO AMOR INVENTADO




É com os ouvidos atentos
que ouço suas mentiras infernais.
Já acreditei em tantas verdades.
E hoje, não quero mais.

Preciso do que é inventando.
A invenção não tem limites, é livre.
Eu também sou uma invenção de mim
mesma, presa a minha liberdade
de ser.

Eu te amo, porque és
invenção. Amo sobretudo,
por não poder provar pra mim
mesma que és invenção.
Então és verdade.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

POEMA ABRA OS BRAÇOS PARA O MEU AMOR



Deixe a sua lágrima
me molhar.

Quero tomar
suas emoções
no café da manha.

Largue o jogo.
Esqueça o blefe.
Me dê sua mão

Não vou te amar pelo
que você acha que
me faria te amar

Vou te amar e amo.
Pela sua fragilidade
que não se vê a olho nu.
Por seu olhar que encontra
o meu e diz: Eu tenho medo.

Rasgue o peito.
Mostre- me suas dores .
Acabe com os
disfarces .
Confie na força dos seus
sentimentos, eles não
precisam de proteção.

Esqueça os números,
a quantidade, o tamanho
a maquiagem.

Quero ver a sua cara
lavada. Quero o
cheiro do seu suor.

Quero beber seu veneno
e seus líquidos todos.

Quero viver ou morrer pra ver
você abrir os braços para o
amor que tenho pra te dar.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

EU ESCOLHI VIVER POR AMOR



Eu escolhi deixar
o vento arrepiar a pele.
Eu escolhi me sujar.

Eu escolhi ser
mais criança.

Eu escolhi tomar
banho na chuva.
Ter nos lábios o
sabor das uvas.

Eu escolhi ser mais
colorida e
menos dolorida.

Eu escolhi dançar
sem saber dançar.
Fazer das emoções o
meu lar.

Eu escolhi fazer
da rotina um
poema de versos soltos.

Eu escolhi aceitar que o tempo
não é algo que se possa controlar.
E também do meu corpo gostar.

Eu escolhi ser irmã
das estrelas.

Eu escolhi
cantar mais alto e
não ter medo de assalto

Eu escolhi me respeitar e
ser eu mesma

Eu escolhi te
presentear com as
minhas melhores
gargalhadas e te livrar
de algumas ciladas.

Eu escolhi aceitar
que a vida é um milagre
Eu escolhi não
me preocupar com
dinheiro e ainda assim ser
feliz o ano inteiro.

Eu escolhi viver
por amor.

AMOR EM SILÊNCIO



É no café da manhã que a sobra
do passado é servida.
É nos meus lençóis
que mora o seu prazer.

Então por que dizer – não?

Então por que dizer,
se as palavras não decifram
o seus fonemas?

O que me traz você é o
que me leva de mim.
Quantas vezes mais vou
me perder pra te encontrar?

A minha mordaça é
o seu amor.
Me tire desse silêncio.

Quero falar dos nossos
corpos iguais.
Quero falar da nossas
mãos e das línguas suas.

Vou te mostrar a vida
lá de cima.
Vou te guardar nos
meus segredos.

Me escute,
Eu vou te falar de
amor em silêncio.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A VIDA É ISSO AÍ




Baby, não sobrou sapatinho
de cristal, nem príncipe em
cavalo branco pra você.

O que tem é o cara da esquina,
com o dente cariado,
querendo te levar pra comer
um misto quente.
E aí vai topar?
Ou vai continuar a evitar a vida?

É claro que a gente imagina um
monte coisas bonitas, dessas
que passam na TV.
Mas o amor não gosta de clichês.

A vida é isso aí.
Você vai se apaixonar por um
cara desempregado.
Você vai se apaixonar por
mulher também.

E se permitir vai viver tudo isso.
Se permitir vai viver, senão, vai perder
tempo na vida.
Senão, vai fazer a vida perder tempo
com você.

EU QUERO O FUNDO




Não vivo nas superfícies.
Quase sempre, me
aprofundo nas pessoas.
Vou no imundo de cada um,
navego nos restos fecais.

Na maioria das vezes essa
experiência tem sido dolorosa.
O que eu encontro é um mundo
mal resolvido, que fica
ali fingindo não existir.
Mas é meu jeito de sentir,
não vou parar.

Eu preciso ver e sentir o
sujo do outro.
Pra depois olhar dentro de mim
e aceitar o meu feio, o me sujo,
aceitar a minha própria merda.

Já tentei ficar no raso.
Já provei pra mim mesmo que não sei
nadar nas correntezas alheias.
E, ainda assim, quando dou
por mim estou lá, afogada
nas emoções dos outros.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

MEU CORAÇÃO É



Meu coração é um balão incendiado.
Meu coração é gozo de virgem.
Meu coração é uma rebelião na prisão.
Meu coração é o amor de quem ama.
Meu coração é pulo sem pára-quedas.
Meu coração é um cuspi da janela.
Meu coração é ponto de prostituição.
Meu coração é um caixão colorido.
Meu coração é a voz do mundo.
Meu coração é a cegueira do amor.
Meu coração é um transtorno bipolar.
Meu coração é sapatão.
Meu coração é música pra surdo.
Meu coração é bromazepam com pó.
Meu coração é um travesti.
Meu coração é água doce.
Meu coração é boca de fumo.
Meu coração é silêncio.
Meu coração é um pulsar descontrolado.
Meu coração é propina.
Meu coração é vítima de assalto.
Meu coração é carne pra vegetariano.
Meu coração é só um coração cansado.

NÃO COBRE AMOR



Não cobre, porque
não sou obrigada a te amar.

Não cobre, porque se você cobra,
acho que você precisa. Não vou
dar se você precisar.
Eu vou dar se tiver pra dar.

Não cobre, porque o amor
não gera dívidas.

Não cobre, porque
quem cobra acha que tem direitos.

Não cobre, porque quem
cobra ainda não aprendeu a lição.

E principalmente

Não cobre, porque quem
cobra, quase sempre,
não merece receber.

sábado, 25 de outubro de 2008

AQUELE NOSSO AMOR


Foi quando percebi que cada pessoa
na minha vida despertava-me
amores antes jamais habitados.
E entre todos.
O amor que
amei foi o seu.

Não sinto saudade de você.
O que sinto é saudade do que, um dia,
fui capaz de sentir por você.
E isso não volta.
E isso não vem.
Não atende aos meus chamados.
Não se rende aos meus reclames.

Eu posso até te ver.
Mas quando vou rever
aquele nosso amor,
meu amor?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

EU NÃO ME ECONOMIZO




Cometo os erros.
Me arrependo
Mais tarde, os erros são os mesmos.
Eu não aprendo.

As pessoas se repetem.
Eu enjôo repetidamente.
Eu também me repito.

Eu me sujo

Testo o meu sexo.
Finjo um orgasmo.
Me masturbo de madrugada.

Invento segredos
que ninguém quer saber.
O importante é me convencer de
que a minha vida é importante.

Perco o dia.
Ganho alguém na noite.

Jogo com a vida.
E quase sempre ela me mostra
que não deveria jogar tanto.

Aperto a ferida.

Tento um sexo anal.
Mas desisto dependendo do pau.

Levo choque.

As pessoas vivem a vida delas.
E a minha vaidade acha que tudo que
elas fazem é pra me ofender ou me agradar.

Como demais.

Dou vários telefonemas.
E desligo ao falar o que me interessa,
só o que me interessa.
Não atendo os telefonemas alheios.

Falo sem parar.

Defendo posições que nunca acreditei.
Só pro meu ego entender que eu sou
capaz de argumentar.

Bebo demais.

Provoco uma briga
pra sair da rotina.
Peço desculpas e me faço de vítima.

Perco dinheiro.

Finjo que amo.
E finjo tão bem que eu também acredito.
Mas depois de uns meses me sinto perdida.

Durmo na lama.

Eu não me guardo pra amanha.
Eu não me preservo.
Eu não me economizo.

CARTA - DESABAFOS DE UMA MÃE


Filha,

Já escrevi diversas cartas, mas no final das contas nunca tive coragem de remetê-las. Imagino que provavelmente você ainda esteja muito magoada com tudo que aconteceu. E eu tenho medo que as minhas palavras, meu suplico, meu pedido de perdão não sejam suficientes para fechar as feridas. (E com certeza não serão). Mas te peço, como último favor, que ao menos leia essa carta até o final.

A sociedade em que vivemos tem a péssima mania de colocar as mães acima do bem e do mal, como se fossem seres divinos. Mas as mães também odeiam, erram, e sofrem de egoísmo, como no meu caso. Você ainda será mãe e perceberá que não existe essa fantasia de que as mulheres já nascem prontas para serem mães. A maternidade é um exercício diário que só se aperfeiçoa ao longo do tempo. A gente a aprende a ser mãe, assim como aprende a ser filho.

A lembrança que guardo comigo é de quando você tinha uns quatro aninhos. Lembro-me que fui até o portão do antigo prédio onde vocês moravam e fiquei uns 20 minutos observando você brincar no parquinho. Vi que aquela menininha, a minha filha, era muito quietinha. Você não corria tanta quanto às outras crianças, era tranqüila e com um olhar meigo e carinhoso, um olhar que nunca mais vi igual. Depois disso viajei para a Holanda e nunca mais te vi, pelo menos não com os olhos daqui.

Mesmo longe, nesses 18 anos, sempre pensei em você. Algumas vezes liguei pro seu pai para saber notícias suas. Ele sempre fez questão de mostrar que você estava bem e reforçar que a minha ausência na vida de vocês era o melhor pra todos. E por algum tempo acreditei nessa versão, mas hoje, mais madura, acredito que a ausência de uma mãe nunca será o melhor para uma filha, ainda que essa mãe seja eu.

Não sei o que seu pai e a esposa dele contaram pra você a meu respeito, mas pelo jeito com que me tratou quando te liguei há um ano atrás, imagino que não tenha uma boa imagem a meu respeito. E também nem tenho a pretensão que você passe a ver uma mulher que vende o corpo pra viver como uma candidata a boa mãe. Nada que eu fale pode mudar o que você sente por mim, mas nada que eu faça com o meu corpo vai mudar o fato de eu ser mãe, de eu ser a sua mãe.

Quero uma chance de conversar com você e te contar coisas que não podem ser ditas numa carta. Eu abro mão de todo o dinheiro e conforto que consegui aqui nesse país. Eu largo tudo, eu largo todos. Eu volto pro Brasil agora mesmo se você disser que sim. Se você disser sim ao meu pedido de ser sua mãe. Pense nessa chance pra nós duas. Fique com Deus e saiba que eu te amo.

Sua mãe

QUERO


Quero os homens de Vênus.
Quero as mulheres.

Quero os que amam errado
e amam muito.

Quero os que têm as perguntas
como respostas .

Quero os que não sabem viver
e vivem sem querer saber.

Quero os que mudam com a lua.
Quero os que queimam-se com o sol.

Quero os filhos de Gandhy e
de todos os santos.

Quero os que consigam
defender-se de si próprio.

Quero os que cantam
pra sobreviver.

Quero os que permitem-se fracos.
Quero os filhos da noite.

Quero os que bebem.
Quero os rejeitados.

Quero os que desobedecem.
Quero os que vomitam

Quero os que amam.
Quero os que odeiam.
Eu quero é os que sentem.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

EU NÃO TE ESQUEÇO



Você não vem.
Eu não te espero.
Digo verdades. Digo mentiras.
Eu sonego o mais importante.


Bebo seu sangue.
Cuspo meu veneno.
Mato as palavras, eu não mato você.


Tranco a porta.
Deixo a janela aberta pra você pular.
Quero ver ser esforço.
Quero ter seu suor.


Abro as pernas pra intrusos.
Fecho os olhos para seus erros.
Engulo os meus “ais”.
Vomito o amor.
Eu vo-mi-to esse amor de papeis prontos.


Assino seu nome.
Anulo a minha vida.
E digo com a boca: Não.


Insisto nos disfarces.
Me apaixono pelo mundo inteiro.
Eu não publico a minha dor no jornal.


Rasgo cartas.
Não pago as contas.
Eu falto os compromissos.


Incendeio a madrugada.
Tomo qualquer porre.
Eu não tomo você.


Gozo em outras bocas.
Eu abro a boca pra
outros prazeres.


Eu me uso.
Eu me atravesso.
Eu não te esqueço.

POEMA AOS MEUS AMIGOS



Tenho amigos santos e loucos
Prostitutas e poetas
Bêbados e drogados aos montes.


Tenho amigos que
não sei que são meus amigos.


Tenho amigos que mentem.
E eu acredito que eles precisem
que eu acredite.
E por que não acreditar?


Tenho amigos que não perdôo os
defeitos que são mais meus do que deles.


Tenho amigos que não
são meus amigos.


Tenho amigos que
deveriam ser amores, e são.


Tenho amigos
que são borboletas.
Suas cores me pintam.


Tenho amigos que não entendo
nada do que eles falam, e
sinto tudo o que eles sentem.


Tenho amigos que brigo.
Por não saber dizer que os amo.


Tenho amigos que são amigos.
Mas não são meus.


Tenho amigos que
são variações da minha
própria existência.


Tenho amigos que são tudo
o que o mundo precisa para
sobreviver.

E ...
Tenho amigos que são
o melhor que há em mim.

SOBRE O QUE NÃO SEI CONTAR



Penso, quando era criança sentia mais e pensava menos. Agora penso, quanto mais adulta fico mais eu penso. E penso, que os pensamentos servem para, antes de mais nada, enganar os sentimentos. Penso, que amadurecer é a arte de controlar os sentimentos através de pensamentos que não são meus, pensamentos que me vêm embalados em forma de sentimentos. Sentimentos que não alcanço por não saber sentir sem nenhuma interrogação. Pensamentos que não alcanço por não saber pensar sem um coração.

SOBRE A MINHA SOLIDÃO




É estranho, quando estou acompanhada, o meu gostar de mim passa lentamente a ser mensurado pelo termômetro alheio. Gosto mesmo de mim quando estou sozinha. É quando fico solta das opiniões e desnuda de outras faces, que por vezes, misturam-se comigo. Fico a sós com a solidão e o essencial em mim floresce. Não, que eu não possa contar ao mundo quem sou, mas é que as pessoas não acreditariam no inacreditável. Correria o risco de de ser influenciada a desacreditar que existo e poderia tornar-me um tipo desses que estão devidamente catalogados. Eu só existo dentro de mim.

POEMA À UMA AMIGA AMADA




Desejo mais é ver seus cachos
coloridos balançar.
Desejo mais é ver o samba aprender a
sambar no seu ritmo.


Desejo que o Rio de Janeiro abra
os braços para aquela que é o genuíno
cartão postal do Brasil, nosso Brasil.


Desejo que seus dias sejam doces
assim como, quase sempre
é o som da sua voz.


Desejo que o amor a encontre
Nem tão cedo, nem tão tarde.
Mas na hora em que estiver preparado
para receber as suas luzes.


Desejo que você se renda aos
encantos da vida, assim como,
há tempos, a vida se rendeu a
sua beleza de existir.


Desejo que as palavras não sejam importantes
pra você, nem mesmo essas.
O seu sorriso fala mais alto ao
ouvidos do coração.


E por fim
Não desejo que você mude,
nem que continue,
apenas desejo que sejas o que estiver sendo, na sua melhor forma de existir.

SOBRE O AUTO CONTROLE



Não confio em mim, nem por um segundo. Não faço idéia de quem sou e as minhas reações me amedrontam a todo momento. Nunca poderei desenvolver alguma espécie de auto-controle porque o meu “eu” descontrolado não é meu, não me pertence. É um “eu” extremamente livre, que não se deixa influenciar com meus conselhos programados de como ter uma vida normal. Sinto-me incapaz de me alcançar. Quanto mais me aproximo de mim, mais longe estou, de algo que não saberia dizer o quê. Não moro dentro da lógica do tempo. Nunca chego ao fim, porque a minha vida não tem seqüência, pelo menos não a que esperam, ou a que imagino que esperam. A minha vida começa todos os dias e nunca acaba. Todos os dias sou outra versão da mesma coisa, que se repete e nunca é igual. Sou escrava da minha liberdade de ser. Sou assim e não confio em mim.

CARTA - NÃO DÁ PRA RECOMEÇAR



Amandinha,

Sinto lhe informar, mas isso não existe. Recomeçar é começar outra vez e isso é impossível de acontecer. A não ser que você morra e nasça de novo, pra recomeçar do zero; aliás, recomeçar é sempre do zero. “Recomeço” é feito através de um começo que já existe e se já existe, já existe e o que não existe é o recomeço.

Ao invés de recomeço chame de, sei lá, continuação inesperada do que já existe. Não sei, chame do que quiser. Se insiste chame de recomeço , mas saiba que recomeço é truque, é blefe, é desespero de quem tá na vida e não agüenta mais ser o que está sendo.
Não dá para de repente anular o que você já viveu e o que sentiu e o que sofreu e o que amou e o que sorriu e o que morreu. Se você tem delírio de viver uma “nova” vida. Esqueça. Te digo que a “nova” vai ser construída por meio do velho e do velho não se faz o novo. Vai ser sempre assim, entende?

Baby, sentimento é foda! A gente nunca deixa de sentir, sabe como é? Sentimento nenhum nunca morre é tudo fantasia de que morreu. Se você sentiu, sentiu e os sentimentos são maiores que a gente. Não sai espalhando isso por aí, tá? Deixa aqui entre nós. As pessoas não podem saber disso, elas precisam da ilusão do novo, do recomeço, pra continuarem arrastando as suas velhas vidas até a hora da morte.

Fica bem. E se precisar, mas se precisar mesmo, tente um recomeço. Às vezes tentar é o que nos mantem vivos. Qualquer coisa telefone. Abraços!

Sua prima Rosa

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

SOBRE AS PALAVRAS



É que eu já disse "eu te amo" pra "alguéns", não era mentira, mas também não era verdade.

TE PROCURO


Te procuro na poesia das palavras que acendem e apagam em vão.

Te procuro nas curvas de um passado com faceta de um futuro bom.

Te procuro nas entrelinhas da indiferença.

Te procuro nos sonhos que não mais estão no meu coração.

Te procuro nos ventos que me carregam para outra direção.

Te procuro nos dissabores de outras ilusões.

Te procuro em um unir de letras que me conduzem a lugares onde você não vai.

Te procuro por procurar e me despeço sem esperanças de te achar.

CRÔNICA - ANOS RIDÍCULOS

Esta semana eu estava almoçando com o Thiago, um amigo muito querido.Entre as diversas bobagens que comumente falamos, surgiu um assunto que depois ficou, por vários dias, passeando no meu pensamento. Não é nada relacionado a alta da taxa de juros nem sobre o fim do socialismo no Leste Europeu. Definitivamente não é um desses assuntos que a gente adora opinar sem saber absolutamente nada. O caso dessa vez é grave, pode acreditar. Lá vai a bomba!!

Lembro-me que o Thiago estava no meio de uma daquelas lamentações intermináveis, do tipo: ninguém-dá-valor-aos-meus-sentimentos, eu-sou-tão-bonzinho-e-não-sei-porque-sou-infeliz, por-que-eu-sempre-me-relaciono-com-o-mesmo-tipo-de-pessoa, e por aí vai. No começo da seção, "tem dó de mim", eu balançava a cabeça firmemente dizendo que sim. Mostrava o meu total apoio e completava dizendo pausadamente: Comigo é a mesma coisa.

Logo pulamos pra segunda parte, a seção "Comigo é bem pior",essa é a hora do debate. Cada um conta o que de pior lhe aconteceu e ganha quem tiver sofrido mais tragédias amorosas. Geralmente acaba em um empate, porque ninguém admite que o outro tenha sofrido mais. E finalmente chegamos a seção, "Dessa vez eu me mato", essa é a hora que a gente começa a dá murro na mesa, querer bater a cabeça na parede(só querer mesmo), ameaça pegar a faca na cozinha( às vezes a gente pega aquela faquinha de serra), mas logo, loguinho os ânimos se acalmam. E enfim, ligamos o som na música "Vai" da Ana Carolina, pode ser também "Digitais", da Isabella Taviani. E chegamos ao grand finale com a aquelas frases inéditas: "Nunca mais eu vou amar ninguém nessa vida", "Sabe de uma coisa? Vou mudar pro Japão". Ou pra outros gostos pode ser "Agora eu tô solteira e ninguém vai me segurar", " Eu vô pro baili di di sainha".

Depois do nosso show concluidíssimo o Thiago sugeriu que saíssemos para tomar um sorvete, acabamos tomando umas cervejas. E no bar eu tive uma crise de riso ao lembrar que todos, todos, todos os meus amigos de 20 e poucos anos estão passando pelas mesmas "seções", uns com mais freqüência, outros menos, mas todos tão ridículos quanto a gente. Então surgiu a idéia de escrever um livro chamado "Anos ridículos", no qual contaremos a caretice que é nossa vida adulta.

CARTA - ESQUEÇA TODO O RESTO


Vanessa,

Esqueça. Eu não vou fazer parte desse plano absurdo. Não é do meu feitio esse tipinho de coisa, e sei que também não é do seu. Quem sabe se você passar um tempo no campo? Contanto com a natureza? Ar fresco? Tudo isso pode fazê-la refletir melhor. E por que não voltar as sessões de Yoga?E eu sei que não quer nem ouvir falar, mas ainda tem a opção de procurar um psiquiatra, um terapeuta, ou alguém te ajude a entender de uma vez por todas que vingança não é a solução.
Odeio quando você se engana assim. Tira essa máscara e saia do papel de vítima. Não há platéia pra esse seu monólogo interminável. Eu te alertei diversas vezes sobre o caráter dele. Você sempre soube que era corna, chifruda e mal amada.Então, por que esse espanto agora? E não vem com esse papo de que haviam desconfianças, mas as provas eram insuficiente. Quem precisa de prova concreta, real, absoluta é cientista. Nós não! Nós sempre sentimos exatamente aquilo que precisamos. Ou vai dizer, na minha cara, que não sentiu a faca da traição entrando pelas suas costas e atravesssando-lhe os pulmões? É claro que sentiu, mas fingiu que não! Por pura soberba achou que ignorar os fatos poderia alterá-los. Você achou que a vida, as coisas e as situações fossem curvar-se a sua vontade. Quanta pretensão, idiota!
Tem mais, pare de repetir esse seu discurso chinfrim sobre lealdade e fidelidade.Isso não vai convencer ninguém, ninguém. Como queria que ele tivesse sido leal se nem você mesmo soube ser leal a si própria? A pior de todas as traições foi a sua. Então vingue-se de si. Que tal água quente no ouvido enquanto dorme? E se furar os próprios olhos com faca de cortar carne? Não, não, tenho uma idéia melhor! Mate aquele canalha e passe os próximos 30 anos na cadeia. Seria uma vingança genial. Ele morto e enterrado e você vegetando a espera da morte.
E eu te digo, não se torture tentando achar respostas para o que aconteceu. Por mais que tente não irá conseguir. O que precisava saber a respeito de si própria você já sabe. E isso é tudo. De resto cuide-se para não mais se relacionar com pessoas inferiores, elas não te perdoariam por isso. Fique em paz. Esqueça todo o resto.
Sua consciência

CARTA - A DOR



Carminha,

Minha queridíssima amiga, desculpe não ter respondido as suas cartas nos últimos dois anos. Não foi por falta de querer, mas é que faltava algo de bom ou de surpreendente que eu pudesse te contar. E tem mais, sinceramente, não queria que você nem ninguém soubessem de mim.


Se ainda bem te conheço uma hora dessas você já dever estar ofegante, coração acelerado e imaginando as possibilidades mais dramáticas possíveis. “Será que ela está com alguma doença terrível?”, “Talvez esteja paraplégica, cega, muda”, “Quem sabe não possa ter filhos” . Não, não, nada disso! O que aconteceu foi que me apaixonei. Isso mesmo, minha cara, foi paixão daquelas mais cadelas, daquelas que deixam a gente entre a loucura e a loucura.


Você acompanhou a minha história com o Marco e certamente lembra que quebrei todos os CDs da coleção de jazz do rapaz e no outro dia pichei no muro da casa dele dizeres de amor. Sempre vivi nesse morde e assopra, não sei se amei alguém, mas eu sempre amei as histórias de amor que vivi. E depois teve aquele affair com a Melissa, você bem sabe. Quando dei por mim estava na parada gay de São Paulo levantando uma bandeira de arco íris. E nem tinha me dado conta que ela era mulher, também pra mim pouco importava. Eu amava o amor e o amor não tem sexo.


Carminha, só que dessa vez foi diferente. A minha paixão não foi homem e nem mulher. Eu me apaixonei pela dor. Imagina que abandonei tudo, absolutamente tudo. Larguei os projetos da Ong, nunca mais fui à academia, não atendi nenhum telefonema, pedi demissão da redação, cortei todos os vínculos mais próximos com parentes e amigos. Me certifiquei que não teria nenhum compromisso porque eu queria era viver vinte quatro horas com a dor e pela dor.


Alguns poucos amigos aqui de Laranjeiras quiseram se solidarizar com a minha dor, mas a dor era só minha e eu não a dividiria com ninguém. Passei dias e noites revirando essa dor e alimentando-a com os meus ressentimentos e culpas de estimação. O que eu queria mesmo era um Grand Finale. Quis que deus e o diabo se comovessem comigo.

Hoje eu sei que era pura pretensão da minha parte, achar que eu pudesse morrer com a dor me qualiando todo o sangue. A vida nem sempre imita a arte por mais que a gente se esforce pra que isso aconteça

Sem mais a dizer, eu tô me sentindo muito sozinha, a dor se foi e eu senti a dor de não ter nem a dor dentro do peito. Peço que me responda o mais rápido possível, mas não me pergunte o motivo da dor que senti. Mande lembranças para o Paulinho e pra a Ju.

Abraço apertado da sua Sintia

A SUA BELEZA OFENDE

A sua beleza ofende
as poesias e as palavras


A sua beleza ofende
o amor e a própria vida


A sua beleza ofende
as estrelas e a esperança


A sua beleza ofende a minha
inspiração quando desesperadamente
falo de sua beleza


A sua beleza ofende
o amanhecer e o infinito


A sua beleza ofende
o arpoador e os hinos


A sua beleza ofende
o exagero e os sentimentos todos


A sua beleza ofende
as flores e os acertos


A sua beleza ofende
os deuses e a ciência


A sua beleza ofende
a você mesmo que não
imagina quão grande és a
sua beleza


A sua beleza ofende
a fé e a humanidade


A sua beleza ofende
a canção e meu coração


A sua beleza ofende
o que se achava que era beleza até você aparecer