sexta-feira, 28 de novembro de 2008

CARTA A UM AMOR



K.S.M,


Sabe, queria você entendesse que não é uma inconstância qualquer. Na verdade, nem inconstância é. Isso é medo. É auto-defesa. Sempre precisei entender um pouco daquilo que estou vivendo, ou pelo menos achar que estou entendendo. Não consigo mergulhar de olhos fechados no desconhecido. Preciso me sentir segura, de alguma forma, mas não sei nem se você existe, ou isso tudo é fruto de uma imaginação doente.


Sei que você vê o fundo da minha alma. E que com você não preciso usar falsos brilhos, você impressionantemente pressente a minha cara lavada. Isso me deixa, estática, um pouco por timidez, um pouco por medo da rejeição. Mesmo sem saber, você toca nas minhas feridas. Um lado meu tem medo desse seu jeito de me olhar, como se tivesse um raio-x de mim.


Mas o outro lado só quer te alcançar. A minha vontade é ultrapassar os limites da distância e deitar no seu colo, como quem encontrou em você um porto. Eu queria fazer amor com você, mas não como quem busca unicamente o prazer carnal. Queria te amar, como quem precisa sentir os seus encaixes. Queria ter o seu corpo dentro de mim e me sentir guardada por você, como se você fosse meu dono. Como se fosse meu homem e eu a sua mulher.

Queria que você entregasse de vez a sua solidão pra mim e que eu entregasse a minha para você. Nós teríamos um ao outro e nunca mais nos sentiríamos sós. Mas o meu outro lado sabe que tudo isso é impossível e que a nossa “história” é só um barquinho de palavras na correnteza.
(S.L)

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