quinta-feira, 9 de setembro de 2010

NEM IGUAIS – NEM OPOSTOS: VARIAÇÃO DA MESMA COISA




Pra começo de conversa, até hoje, não conheci nenhum casal sequer de pessoas iguais. Chego a desconfiar que essa é uma descoberta impossível, já que segundo os especialistas de bar, cada ser humano é uma construção única.

Por outro lado: Sinto decepcionar os masoquistas, mas não há interação possível entre os opostos. O velho clichê “Os opostos se atraem” já pode ser substituído por qualquer coisa como: “Os variantes se atraem”. É que nem os iguais nem os opostos podem se juntar. A união só é possível entre os variantes da mesma coisa.

Ele gosta de música clássica e ela de funk. Perfeito! Os dois variam nos gostos musicais, mas ambos apreciam a harmonia de sons. Impossível seria, se um amasse música e o outro odiasse veementemente qualquer manifestação musical;

A moça prefere viajar para a praia e o moço prefere viajar na maionese. Tudo bem, sem problemas, afinal ambos compartilham o gosto pelos sonhos e pelo que está além de. Esse relacionamento só estaria condenado, se um fosse aberto ao mundo e outro totalmente enclausurado dentro do espaço físico ou dentro de si mesmo.

No fundo a gente gosta da relação com quem é diferente para legitimar as brigas, mas não tão diferente a ponto de desafiar a nossa coerência. Enfim, nem iguais – nem opostos: Variação da mesma coisa

(Sintia Lira)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

COMPROMETA-SE


Comprometa-se

com os meus medos.

meus defeitos,

minha lingua afiada,



minha carência,

pêlos e apelos



Comprometa-se com

minha solidão,

meu dinheiro sujo,



minha

inveja da felicidade

alheia e meu gozo fácil



Comprometa-se com

a minha

sujeira e vulgaridade, com

a minha insatisfação crônica.



Comprometa-se com as

minhas dívidas do futuro e

metas do passado



com a minha dor

de cotovelo e minhas

mentiras mal contadas.



Comprometa- se

comigo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

CARTA - VIVA O AMOR NÃO CORRESPONDIDO




Querida Deinha,

Quer ver uma verdade? Se você ama um cara que não te ama, qualquer livro de auto-ajuda que se preze e até suas melhores amigas te aconselharão a largar o amor de lado, ou até te convencerão de que não era amor de verdade. Mas por quê? Por que o amor precisa ser uma via de mão dupla? Amor é mercadoria de troca, só vai se vier de volta? Então é assim? Isso é o que eu chamo de era do capitalismo sentimental.

O senso comum diz que sofrer por amor não correspondido é baixa auto-estima, mas pra mim é o cúmulo do amor próprio. Quem ama e não é amado sofre porque pagou adiantado e quer receber a qualquer custo, pra isso chora, grita e dá chilique como se o universo ou Deus fosse ter pena desse credor.

Minha cara amiga, não se engane: Amar pela beleza ou pelo prazer que o outro te proporciona não é menos grave que amar pelo dinheiro. Tudo é interesse, é troca, é puro capital enrustido. O amor, não sabe pontuar. Não gera dividas, não tem motivo, não é trocado nem doado é dado a quem a ele pertence. O resto é especulação.

Não deixe de amar esse canalha, viva o amor não correspondido. Por via das dúvidas: Seja feliz tendo uma relação-de-troca com um alguém qualquer, seu ego precisará desse afago.

Um beijo,
Meire