Não leia porque
quem lê não deslê,
e as minhas
palavras são um choque
de 220 volts.
Eu não amanso.
Que dizer,amanso porque
também levo choques..
Mas eu gosto é das palavras sujas.
Eu gosto do fundo do poço,
da merda, do pó acumulado
diariamente nas emoções
É do vômito dos excluídos
que faço poesia.
Esqueça.
Não vou falar de crianças
brancas brincando
em playgrounds. Também
não vou falar de amores
eternos, ou coisa assim.
Eu quero saber é dos
que estão mortos,e vivem.
Eu quero a alma dos que
perderam a esperança.
Eu quero falar das mulheres
que trepam e nunca gozam
e também dos amantes
com HIV.
Eu quero sentir os que
se prostituem e os que
se travestem.
Eu vou gritar na sua cara
a dor dos rejeitados.
Não me leia!